O transtorno afetivo bipolar, também chamado de “depressão maníaca”, é um distúrbio cerebral que causa variações extremas no humor e no comportamento. Ele acontece por um desequilíbrio neuroquímico no cérebro, sendo necessário, em muitos casos, o uso de medicações chamadas de estabilizadores do humor. Como o próprio nome já diz, essas são medicações que procuram evitar as variações emocionais, “estabilizando” o humor da pessoa. A psicoterapia também pode exercer um papel importante no controle da doença, aumentando as chances de sucesso do tratamento.
As pessoas com essa doença podem passar por períodos de muita euforia e outros de muita tristeza. Durante os períodos de euforia, também denominados de episódios maníacos, a pessoa pode ficar irritada com facilidade, diminuir o tempo de sono, falar mais do que o habitual, sentir-se confiante e poderosa, fazer compras e investimentos financeiros exagerados e até mesmo ter relações sexuais com múltiplos parceiros em um pequeno espaço de tempo.
Em contrapartida, a pessoa pode passar por períodos de extrema tristeza. Nesses episódios pode haver perda ou ganho de peso, dificuldade para dormir, sentir-se muito cansado e sem vontade de fazer as atividades que antes lhe davam prazer. Como consequência, pensamentos sobre tirar a própria vida ou sobre provocar ferimentos no próprio corpo podem aparecer. Normalmente durante esses períodos, há uma dificuldade de relacionamento nos ambientes do dia-a-dia, como na escola, no trabalho e em casa.
A relação com os familiares muitas vezes se torna delicada nesses quadros. Em determinadas situações, por exemplo, uma palavra mal expressa pode desencadear uma crise. Por isso, quem convive com pessoas que sofrem de transtorno afetivo bipolar precisam ter um bom conhecimento sobre a doença e de como lidar com as diferentes situações.
Aproximadamente 10 a 15% dos pacientes bipolares cometem suicídio. Portanto, é imprescindível ter atenção aos comportamentos dessas pessoas como falas de desesperança, desvalia, culpa, ideação de morte e planos de tirar a própria vida. Além disso, é importante estar atento aos sinais de uma crise maníaca como planejamentos financeiros grandiosos, hipersexualidade, energia exagerada, pouca necessidade de sono ou um aumento da agressividade e impulsividade, visto que essas situações também podem ter consequências graves. Se você conhece alguém que possa estar tendo esses problemas, não deixe de conversar sobre o assunto. A sua ajuda pode salvar uma vida.
Referências:
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